Bruno Amadio


"Por que é tão breve a alma?", perguntaram-se aflitos os olhos do pequeno garoto quieto. Descia aquela caixa de madeira lustrada, sob música pausada e melancólica, na terra bem cuidada daquele lugar cheio de cimento, mármore. Era pequeno demais e, um tanto por isso e por sua falta de compreensão, não soube ouvir a pergunta de seus olhos; tampouco saberia responder. Um adulto que o encarava triste e preocupado teria percebido a irrefreável dúvida daqueles olhos infantis, porém, por ser adulto, não tinha mais a sensibilidade - motor que moveria a perspicácia do apelo do menino. E aquele dia triste, por falta de compreensão e sensibilidade, terminou mais uma vez vazio. Vazio daquilo que só os olhos do pequeno órfão souberam questionar.