Summer interior - Edward Hopper

A insônia dormia junto com ela novamente. A cidade estava calada. A sua rua, vazia. Os seus olhos despertos fixavam-se no teto. Cansara das orações, dos pedidos, súplicas afogadas em lágrimas. Olhou para o relógio no criado-mudo: 04:43. Naquela hora seu filho, seu marido e seu amante estariam em solo inimigo. A guerra já estava no seu vigésimo terceiro dia, cada vez mais banhada em sangue. A estratégia dessa madrugada fora anunciada no telejornal das oito. Ficara assombrada. Seus amores guerreavam, obrigados. Os três deixaram para trás ela, sozinha, com o coração na mão. Cada dia aumentava a falta do amor filial, do amor companheiro de seu marido e do amor ardente do seu amante.
Olhando o teto branco do seu quarto, insistiu na súplica: que a guerra acabasse e que os três homens da sua vida voltassem, ou ela mesma morreria.