Danae - Gustav Klimt


Sentiu o frio na barriga, mas ainda assim deixou-se levar. O corpo foi passando da vergonha à liberdade. Todo aquele tremor nas pernas, aqueles afagos do peito e a escuridão dos olhos fixamente fechados construíam um momento de excitação único. Segurava-se para não deixar um arrepio percorrer o corpo, pois denunciaria sua fraqueza e todo sua entrega. Sim, estava se entregando de corpo e alma. Decidira o desfrute. Esperava que cada pedaço seu fosse descascado e agraciado. Decidira o prazer... Até que... Ah, os pensamentos se esvaziaram e apertou com mais força os olhos: de longe, uma luz queria penetrar a escuridão acolhedora da sua mente; de longe, um calor queria percorrer sua pele. Mas o sentimento que agora inundava seu íntimo era de repulsa - não queria aquela luz e aquele calor... Queria mantê-los longe, queria permanecer naquele leve desfrute... Aaaah...
"Acorde, Lolita! Já é tarde!". Abriu os olhos para o quarto iluminado e sentiu o calor dos raios do sol no seu corpo. Sentiu o amargo da insaciedade na boca e amaldiçoou seus sonhos. Todos aqueles sonhos... Só por simplesmente ainda serem sonhos!