Suplício por alívio - Edvard Munch
Olá, Desespero.
Escrevo na minha mente, porque já não tenho forças nos dedos para escrever em
papel. Meus dedos andam fracos do choro lancinante que não para de rasgar minha
face. Os pingos de lágrimas já escorrem pelo meu peito e só digo isso para que
constates que o meu sofrimento não é um mero abalo. Sim, recorro diretamente a
ti, Desespero, para que tenhas pena desse corpo de mulher ferida. Já me bastam
os fatos do abandono e ainda queres tu fazer companhia dia e noite a mim? Peço
perdão, mas tua presença não me ajuda e penso que ajuda é a tua intenção, pois
fosse o contrário, deixar-me-ia completamente na solidão – talvez ainda pior.
Ah, querido Desespero, agradeço a preocupação, mas meu peito está machucado, o
Amor deixou-me e não vejo melhor remédio do que pedir que vá, deixe-me também.
Eu suporto este abalo novamente, as lágrimas equilibrarão o arfar da perda
desta vez. Sim, eu cuido de mim mesma, prometo. E tenho mais dois pedidos a
fazer-te: se tu vires a Paz por onde andares, Desespero, pede que me venha
fazer uma visita e, por último, se vires o Amor, dê esse recado: a última
vítima que fizestes, Amor, escolheu morrer em Paz.
Seu monólogos ou introspecções são ótimas =]