Girl - Nina Reznichenko
Ela amava imensamente. Acordava sorrindo, porque o amor
escapava pela sua garganta e esticava os músculos do seu rosto em uma bela
risada. Andava como se penetrasse na terra um pouco do amor, que pelos poros dos
seus pés, escapava. Deixava o vento assanhar seus cabelos para sentir um pouco
do amor acumulado nos fios pretos se desprender e voar. O amor que ela possuía,
de fato, não cabia mais dentro dela. Os espaços entre as vísceras já estavam
ocupados; o sangue circulava com a dificuldade de quem tem um coração amante.
Mas não morria. Nem com todos os seus órgãos emperrados pelo
amor, com seus neurônios embebedados pelo amor e seus brônquios afogados pelo
amor... Não morria, exclusivamente por isso: por viver pelo amor. Todo o seu
corpo era para, pelo e devido ao amor.
(autobiográfico e em homenagem a Cândido Sales Gomes)
Que a vida te conserve assim, independente de quaisquer motivações e motivadores!
Muito obrigada, Angela! Que o amor permaneça na vida de todos nós!
Se você não tem local onde guardá-lo... o meu já está no mundo =]
Leio e releio e não canso ^^