Shadow - Mary Jane Ansell


Reconheceu sua própria vida. Agora tinha a nítida noção de que ela era única, que teria que fazer escolhas, construir os próximos anos. Entendeu a existência da morte. Passou noites em claro após perceber que sua vida era finita. Sofreu de início, demorava a pegar no sono. Mas o dia vinha e ela percebeu que já era hora de encarar aqueles novos dias como únicos e intransferíveis. Então, certo momento, nasceu dentro dela uma pessoa determinada a encontrar responsabilidades sérias com as quais se preocupar. E foi por isso que ela largou os brinquedos, as bonecas, os tempos de jogos com os colegas da rua. A menininha de quase dez anos passou a almejar ser adulta. Seu espírito infantil foi impregnado pelo medo da finitude da vida e, assim, entregou-se a seriedade da vida adulta.