Automat - Edward Hopper
Vez por outra, ela se sentava naquela mesma mesa e pedia um cappuccino para acompanhar o sabor da sua solidão. Vivia atordoada, sempre envolta por afazeres diversos, no entanto, nem por isso aquele sentimento a deixava. E, por acaso, desde cedo aprendera a cultivá-lo como algo normal. Era simplesmente mais uma das suas intrínsecas características: a solidão.
Não era o beijo do marido nem o choro insistente da sua filha de poucos anos que a tiravam daquele estado. Ela tinha que sair só, porque, caso contrário, estaria sacrificando algo de si que não podia ser sacrificado. Era seu ritual de auto-afirmação, afinal. Ela era aquele ser ali, sentado e solitário, mas nem por isso menos feliz que qualquer pessoa vazia que por ali passasse.
Parou de refletir, então. Bebeu um gole da bebida e contemplou sua solidão.
Evilanne,
Creio que não pode haver comparação entre nossas personagens. Uma, a sua, ainda parece ser jovem e mantém alguma independência. A outra depende de um marido-filho que suga sua vida e energia sem trocar e sem deixar espaço para estar consigo mesma.
Diferentes formas de solidão e o mesmo desejo de solitude.
Sim, concordo. São personagens com pontos de vista e situações diferentes. Apenas fiz menção a esse meu poste por se tratar do mesmo assunto, a solidão.
Grata pelo comentário, Angela.