Spring Dream - Lori McNee

Abriu a janela para começar o dia. Os galhos da cerejeira invadiram a casa. Os pássaros assustaram-se, alçaram voo. Ela sorriu. Recostou-se no parapeito da janela e ficou por ali meditativa. Viu sua infância ali, no campo, florir. Sua juventude ali, no campo, brotar. Vivia simples e sem largos desejos. Diferente de seus irmãos. Foram deixando a casa, pouco a pouco, criando expectativas de uma vida farta em algum canto cinza e barulhento do mundo a fora. Ela foi a única que permaneceu, não que não fosse mulher de garra – como muitos diziam -, mas porque era feliz. Não era, afinal, a felicidade que todos buscavam? Fugiam do campo, corriam nas cidades, contavam salários e buscavam por mais e mais: tudo não tinha o objetivo simples da felicidade? Sim. Ela, no entanto, não precisava de tanto para ser feliz. Era feliz ali, no campo. Esperou seus pais; esteve do lado deles quando morreram, sentindo falta dos filhos que foram embora dali. Mas esteve presente...
Os pássaros voltaram a seus postos nos galhos da cerejeira. Sorriu de novo. Voltou para o campo, viver.