La promenade - Marc Chagall


A gente encontra nossas almas gêmeas quando as manias e anseios mais particulares passam a ser partilhados em dupla, em um encaixe transcendental. No caso dela, porém, era diferente, pois ela não possuía grandes desejos, requisitos nem costumes invioláveis que não fossem facilmente adequáveis. Por isso, todos os amores que surgiram na sua vida foram almas gêmeas para si, desde os mais sem personalidade aos mais irremediáveis. Ela ia se encaixando na vida deles e se sentindo completa... Até a ruptura e o sofrimento do fim. Ela era sempre a que sofria mais. Eram almas gêmeas sendo perdidas, afinal. Não encontrou ninguém para ser “para sempre”. Cansada de se decepcionar, recriou para si que 'alma gêmea' nada mais era o estado de relacionamento que, momentaneamente, a deslumbrasse. Com isso, viu-se agradecida, pois, por ser tão modelável, podia ser feliz de muitas formas... Com diversas almas que por acaso a tomasse entre os braços e prometesse mais um falso e limitado “para sempre”.