The Empire of Light - Rene Magritte

Em uma ocasião – como outra qualquer – os vizinhos sentados na calçada ousaram lançar seus olhares ao horizonte acima dos tetos da vizinhança. A escuridão daquele novo mundo saltou aos olhos. Não que o dinheiro público não tivesse sido usado na distribuição de iluminação. Na verdade, os cidadãos eram ofuscados justamente pelas tantas luminárias. O tanto que se podia enxergar da cidade, com o auxílio das lâmpadas, era o tanto que se tornavam cegos diante da natureza. Estrela alguma parecia importar aos casais românticos; nuvem nenhuma era mais sondada sobre suas formas e desenhos. O novo mundo apagava aos poucos um mundo que não precisava de tanto para ser contemplado – pois este, sem gasto de energia, poderia felicitar quem se dispusesse a ver os simples espetáculos da natureza. Aquele mundo escuro, no entanto, nada felicitava... Somente cegava.