Supper Time - Horace Pippin

- Como foi seu dia, filha? - Foi bom. Normal. E o seu, pai? - Trabalhando muito. Ambos olharam para a mãe, dona de casa. Não perguntaram a ela como foi seu dia, pois já sabiam que nada demais teria ocorrido por ali, já que nada demais ocorria na vida deles - que saíam de casa, entravam em contato com todo tipo de gente e situações diversas - como que seria diferente ali dentro daquela casa? E não era diferente, de fato. Ao final do jantar - que era uma repetição do almoço - pai e filha se dirigiam aos seus quartos. Davam boa noite. Fingiam educação. Fingiam se importar com que a noite do outro fosse boa. E a mãe - que ficava para trás, para limpar a sujeira e organizar a bagunça - observava todo aquele fingimento automático da rotina. Observava que, ao fecharem suas portas, eles mergulhavam nas suas solidões. E seguiam assim: sozinhos, porém acompanhados. Em quartos vizinhos. Em uma vida compartilhada. Que quase sempre não levava a nada.