Carnaval nos 4 cantos de Olinda - Olivia Castro Cranwell
Batucada retumbando. Chão tremendo quase na mesma frequência
que os quadris das meninas. O ritmo carnavalesco num compasso rápido, tão
rápido quanto os relacionamentos que ali se formavam e se desformavam. Um
garrafa de cerveja se desfaz no chão, lançando seus cacos entre os confetes. Vidros
que servirão de armadilhas pra aqueles seres dançantes desatentos. Mas ninguém
estava preocupado com a possibilidade de se ferir. Ou em ferir os outros.
Estavam todos feridos por dentro já. Vinham todos de um ano de trabalho árduo.
De impostos roubados dos seus bolsos. De amores que não sobreviviam até o
próximo carnaval. De insegurança pública que mata. E outras tantas feridas
particulares. Eram soldados sobreviventes, diante de uma semana de folga das
batalhas. Diante das ilusões, máscaras e fantasias do carnaval.