Q Train - Nigel Van Wieck

Ela sentou-se no banco do metrô vazio e esperou as lágrimas descerem. Mas elas não desceram. E ficou ainda mais triste com isso. Na sua infância distante, o choro costumava ser sua redenção. O lugar-comum dos seus alívios. Porém, parece que, além da sua inocência, o tempo levou também sua capacidade de chorar. Mesmo com tantas decepções acumuladas, mesmo com todo aquele sentimento de tempo perdido... Não pôde contar com suas próprias lágrimas. Era o cúmulo da solidão. O atestado da sua imensa fragilidade. Ali ficou, no banco daquele metrô, uma recém-adulta só e frágil. Voltas e mais voltas, de olhos vazios.