The artist's father on sick bed - Franz Marc

   Queridos filhos,

Estou inteiramente velho. Corpo e mente. As articulações estão de tal forma envelhecidas que quaisquer estralos são prenúncios da morte. Mas ainda me sobrou forças e sanidade para escrever essa breve carta a vocês. Serei direto: quando eu morrer, por favor, não decretem guerra pelos os meus patrimônios. Vocês são irmãos e mesmo com suas diferenças, com o tratamento específico que dei a cada um (porque nenhum pai trata seus filhos de modo igual), não há motivo para serem rivais em razão de bens materiais. Serão mal vistos. Mas, mais do que a aparência, o que me preocupa é o caráter de cada um de vocês. Quero morrer deixando essa mensagem em prol de um caráter íntegro e imaterial. Pois isso é o que importa. A morte vem e o que fica não é o patrimônio que obtive - este logo se desfaz - mas o caráter que tive. E eu bem que poderia estar fazendo um testamento ao invés dessa carta... Mas deixarei a tarefa materialista para o destino. Reservei-me da tarefa mais nobre. E é com essa mais pura nobreza que, então, me despeço, 
Seu velho.