O Apple dela - David Hettinger

A luz artificial da tela do seu computador descoloria o mundo ao seu redor. Ela não percebia. Fingia que nunca encontrara cores mais vivazes do que as das redes sociais. Entupia horas da sua juventude com os relacionamentos fugazes das suas tantas contas virtuais. Porém era quando a bateria do notebook resolvia apagar as suas conexões que ela observava a vida palpável, os relacionamentos que estavam a sua espera, as cores que somente o dia – sem nenhuma grande tecnologia – conseguia envolve-la. Eis que surge o medo em cometer erros que não podiam ser excluídos, medo em causar aquele sofrimento que de fato faz doer o peito, e a leva a buscar o carregador... Precisava se conectar à superficialidade de uma vida virtual. Não podia correr o risco de viver de verdade.