Bristol - Gaetan Henrioux

No ar pairava uma fumaça. O apartamento cheirava a erva queimada. A cabeça estava leve. Tonta. Pensou que, se a vissem assim, talvez seus pais a chamariam de tonta. E ela riu. Agora, pela primeira vez, eles acertariam o adjetivo. Estava tonta, sim. Tonta de tanta liberdade. Depois de uma vida inteira presa àqueles padrões sociais, se desfez das amarras da vida que seus pais queriam que ela vivesse e agora estava entregue à paz daqueles que pouco se importam com a vida. Agora, ela pairava livre no ar, como aquela fumaça que observava ali em cima da sua cabeça. Leve. Tonta. Livre.