Cheryl Naked - Romero Britto
Ela sambava, requebrava e
sambava. E não sabia se estava realmente sambando. Parecia estar pulando. Mas
fechava os olhos, soltando o gingado. Sentia a energia extravasar por todo o
corpo. E ofegava, mas sorria para parecer bonita. Era aquele seu sorriso o mais
sincero. Os músculos do rosto esticados, os músculos das pernas pulsando. E
descia até o chão e desequilibrava. Porém aquela falta de equilíbrio era só um
toque na coreografia, que logo ia completando com um giro e outro rebolado. Até
cair na cama e abrir os olhos para o teto. O peito arfando de cansaço, mas de
prazer. Dançava sem se preocupar com julgamento de nenhum público. O seu quarto
era o local de seu espetáculo diário. E solitário.