Starry Night - Vincent van Gogh
É sempre um sacrifício acordar cinco horas da manhã. A cama
está quentinha, os três travesseiros me confortam e o lençol me envolve como se
fosse a própria placenta materna de outrora. Mas levanto, tentando ignorar o peso
da sonolência nas pálpebras, e me visto rapidamente. Saio na gélida madrugada da
rua. Corro. Depois que o sangue quente desperta o corpo inteiro, paro e observo
o meu redor. Então, sempre – digo, sempre! – suspiro de satisfação: contemplar
a natureza despertando e chamando a cidade para acompanhá-la é recompensador.
Uma cidade inteira a se levantar. Os raios de sol a se anunciar. Os mínimos
barulhos de vidas que, na algazarra do cotidiano urbano, não se fazem notar...
Há vidas! Confirmo que o sacrifício de alguns minutos atrás é pequeno demais perto da contemplação da vida. Ah... E volto logo a correr. Viver.