Friends - Henri De Toulouse-Lautrec
Um calor tomou conta de todo o seu organismo. Corou as
bochechas. Sentiu o corpo agitar-se. No entanto, permaneceu imóvel para que
ninguém percebesse sua exaltação. Em mãos, um bilhete rápido e penetrante –
como uma bala, não sabia de onde vinha e como chegara ali, mas lhe partia o
peito de forma decisiva. Ela sabia bem quem era o atirador. Ou melhor,
atiradora. A letra feminina clamava: “Matemos nossas curiosidades. Assim como
eu, sei que as tem; ao meio dia, no quarto... Eu e você, donzelas sozinhas. E
só”. Em mente, ela repetia – como para ter certeza – o ‘meio dia’ e o ‘sozinhas’.
As donzelas se descobririam. Agora, não seriam como uma bala, mas como uma
flecha de duas pontas que perfuraria ambas, numa junção só. Sozinhas.