Gaston La Touché
Lara era tão frágil. Cheia de incertezas, indecisões. O mundo ainda era um grande enigma para seus parcos anos de vida. Era jovem e assumia que não sabia de quase nada. Por isso a timidez diante do mundo. Mas uma coisa sempre teve dentro de si: muita curiosidade.
Tal retrato psicológico de Lara logo encantou bastante Aldo, um homem já tão vivido. Ele se apaixonou pelas fraquezas dela. Sentiu ânsia de a proteger do mundo pelo resto da vida. Logo, empreendeu no desafio de a conquistar para si. E ela se deixou conquistar, mesmo com receio, mas motivada por pura curiosidade. Então, conquistada, passou a ser mulher superprotegida pelo homem. Aldo, antes cheio de boas intenções, passou a nutrir um grave sentimento possessivo. Queria limitar toda e qualquer forma de Lara se fortalecer, se descobrir. Queria substituir a noção de mundo na cabeça dela pela noção de viver completamente voltada para ele. Queria ser o único e exclusivo universo daquela mulher. Mas mal sabia ele que não se apaga o mundo diante dos olhos dos curiosos. E que curiosidade é o primeiro ingrediente para a porção de fortalecimento que toda pessoa precisa para superar seus próprios receios. E esse ingrediente, Lara tinha em boas doses. Logo, tudo era apenas uma questão de tempo. Mais dias, menos dias... Ela iria descobrir o mundo. Iria se descobrir.